
A violência de gênero no Brasil atinge patamares alarmantes, com mais de mil casos de feminicídio registrados em 2025. A recente sequência de crimes brutais que chocou o país nos últimos dias serve como um doloroso lembrete da urgência em combater essa realidade e exige respostas contundentes das autoridades e da sociedade.
Nos últimos três dias, a nação testemunhou o assassinato de uma mulher e seus quatro filhos, além de duas outras tentativas de feminicídio que provocaram justa indignação. O feminicídio é definido como o homicídio de mulheres em razão de seu gênero, e os números de 2025 já superam a marca de mil registros, revelando uma falha sistêmica na proteção da vida das mulheres.
Em um dos episódios mais chocantes, em um sábado recente, Tainara Souza Santos, de 31 anos, foi brutalmente atropelada e arrastada por um quilômetro pelo ex-companheiro após sair de um bar. A gravidade das lesões levou à amputação de suas duas pernas. O agressor, Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi preso, e testemunhas indicam que ele não aceitava o término do relacionamento, uma motivação recorrente em casos de violência contra a mulher.
No mesmo sábado, em Recife, a violência doméstica teve um desfecho ainda mais trágico. Após uma discussão e agressões contra sua companheira, Isabele Gomes de Macedo, de 40 anos, Aguinaldo José Alves, de 21, ateou fogo na própria residência, onde Isabele e seus quatro filhos pequenos, com idades entre 1 e 7 anos, estavam. A mulher e as crianças morreram carbonizadas. O agressor foi detido pelas autoridades. Relatos de vizinhos apontam um histórico de abusos e violência por parte do agressor, especialmente sob efeito de álcool.
A onda de violência continuou nesta segunda-feira (1º), em São Paulo, quando Evelin de Souza Saraiva, de 38 anos, foi baleada cinco vezes pelo ex-companheiro enquanto trabalhava em sua barraca de pastel. O agressor, Bruno Lopes Fernandes Barreto, está foragido. Parentes e colegas de trabalho de Evelin informaram à polícia que ela vinha sofrendo ameaças de morte constantes desde a separação do casal, há poucos meses. Evelin permanece internada em estado crítico.
Os números do Ministério da Justiça e Segurança Pública corroboram a gravidade da situação. Houve um aumento de 26% no número de tentativas de feminicídio em 2024. No período de janeiro a setembro de 2025, o país registrou mais de 2.700 tentativas e 1.075 feminicídios consumados.
Diante deste cenário, a resposta deve ser multifacetada e ir além da punição. É imperativo que as vítimas recebam acolhimento integral, que inclua não apenas o acesso a medidas protetivas de urgência, mas também programas de emprego e geração de renda. A autonomia financeira é um pilar fundamental para que as mulheres possam romper os ciclos de violência sem depender de seus agressores.
