O Bradesco, uma das maiores instituições financeiras do país, está sendo alvo de denúncias graves sobre práticas discriminatórias contra mulheres que exercem seu direito à maternidade.
O sindicato denuncia que as funcionárias ao engravidarem e utilizarem a licença-maternidade, garantida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, sofrem retaliações ao retornarem ao trabalho.
Segundo as denúncias, o banco adota uma política sistemática de retirar as funções das mulheres após 30 dias de licença, deixando-as em uma situação vulnerável no ambiente de trabalho.
Quando as funcionárias voltam ao trabalho enfrentam mudanças arbitrárias, como por exemplo transferências para agências em outras cidades, o que prejudica severamente a vida pessoal e profissional, especialmente para aquelas com filhos pequenos, sem falar nas funcionárias que são demitidas, rebaixadas de função e até aquelas que voltam para agência sem função alguma e ficam em uma espécie de “limbo” até o banco achar um local que possa ser “encaixada.”
Além disso, há relatos de que a insegurança começa antes mesmo do término da licença. Gerentes do banco estariam promovendo alterações nos cargos e posições das funcionárias ainda durante o período de afastamento, gerando angústia e medo de demissão para mulheres que acabaram de se tornar mães.
Essas práticas foram repudiadas pelo Sindicato dos Bancários, que considera a postura do Bradesco uma grave violação dos direitos trabalhistas e uma afronta à dignidade da mulher e da família. “É inaceitável que, em pleno século XXI, as mulheres ainda enfrentem barreiras e punições no ambiente de trabalho por optarem pela maternidade. O sindicato está atento a esses casos e continuará a lutar para proteger os direitos das trabalhadoras”, afirmou um representante da entidade.
As consequências dessas atitudes vão além do impacto individual. Elas perpetuam uma cultura de discriminação que desestimula as mulheres a buscarem equilíbrio entre carreira e vida familiar, reforçando desigualdades no mercado de trabalho.
O que dizem as leis?
A licença-maternidade é um direito garantido por lei, com duração mínima de 120 dias, podendo ser ampliada para 180 dias, como é no caso dos Bancários.
Qualquer prática que prejudique a funcionária nesse período pode configurar discriminação e assédio moral, sujeitando o empregador a sanções legais.
O que o Bradesco diz?
Até o momento, o Bradesco não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. Caso confirmadas, essas práticas podem manchar ainda mais a imagem da instituição, já questionada por outras políticas trabalhistas.
Ação e denúncia
O Sindicato dos Bancários orienta as funcionárias prejudicadas a procurarem assistência jurídica para denunciar as irregularidades ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e aos órgãos competentes. “É fundamental que essas mulheres saibam que não estão sozinhas e que há mecanismos legais para combater essas injustiças”, reforça o sindicato.
Em outubro de 2024, o Bradesco foi condenado por conduta discriminatória no retorno de mães após licença-maternidade. A 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA) condenou o Banco Bradesco S/A a indenizar uma funcionária em R$ 75 mil por conduta discriminatória em uma agência de Jequié/BA, o que abre precedentes para as funcionárias recorrerem a seus direitos.
O caso do Bradesco reacende um debate essencial: como as empresas podem – e devem – ser agentes de transformação, promovendo ambientes de trabalho mais justos, inclusivos e respeitosos. A luta das mulheres por igualdade no mercado de trabalho não pode ser silenciada, e práticas como essas devem ser combatidas com rigor.