Itaú é denunciado por práticas abusivas contra bancários adoecidos em reunião do GT de Saúde

A reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Saúde, realizada na última quarta-feira (18), revelou práticas abusivas do banco Itaú em relação aos seus funcionários adoecidos, especialmente no que se refere ao programa “linha de cuidados”. A entidade denunciou que, ao invés de promover a prevenção e a eliminação de riscos no ambiente de trabalho, o banco tem utilizado essas ações para pressionar e constranger trabalhadores afastados.

O banco Itaú, em comunicado enviado aos seus funcionários, afirmou que o objetivo das avaliações médicas era “prevenir o agravamento de doenças incapacitantes” e “garantir o melhor cuidado possível aos colaboradores”.

No entanto, o que ocorre na prática está distante de uma política real de prevenção e eliminação de riscos. Basta observar o público-alvo dessas convocações:

  •  Funcionários na ativa com B91, que já passaram por exame periódico ou de retorno;
  • Afastados por B91 (contrato suspenso);
  • Trabalhadores com requerimentos em análise;
  • Funcionários afastados por decisão judicial.

Além disso, as perguntas realizadas durante as avaliações invadem a vida pessoal dos bancários, há desrespeito aos prazos de validade de exames médicos com exigência de exames ainda válidos e até questionamentos sobre o uso de redes sociais. Nos casos de LER/DORT, o procedimento exige avaliação ortopédica online, em vez de presencial.

O GT de Saúde discorda.

“Entendemos como legalidade os exames do PCMSO previstos na NR-7, que devem abordar os trabalhadores da ativa com foco na prevenção, retorno seguro ao trabalho e no prazo previsto pela legislação. Questionamos essas medidas disciplinares, já que o trabalhador com contrato suspenso não pode ser avaliado pela empresa. O INSS é o órgão competente para determinar a incapacidade laboral, ficando o contrato suspenso”, afirma Luciana Duarte, coordenadora do GT.

Outro ponto grave apontado pelo GT é a não emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), mesmo diante de situações evidentes de adoecimento relacionado ao trabalho, o que representa grave omissão da responsabilidade do banco.

Luciana Doria, dirigente da FEEBBASE e integrante da COE Itaú, destacou:

“O movimento sindical foi surpreendido com essas convocações de consulta on-line enquanto ainda tratávamos das melhorias do fluxo da Junta Médica. Sempre entendemos como abusiva a convocação dos afastados, pois os contratos estão suspensos, além disso, por ter sido feito de forma obrigatória e passível de medida disciplinar. O reconhecimento desse erro foi muito importante. Esperamos também que o banco reveja a conduta que tem sido aplicada aos funcionários ativos, pois os questionamentos ultrapassam o que entendemos relevante para uma consulta preventiva. Concordamos que o banco precisa cuidar da saúde dos trabalhadores, mas antes de tudo, precisa entender e sanar as causas que vêm gerando o adoecimento dos bancários, sobretudo o psicológico.”

Rosângela Lorenzetti, da Fetec-SP e também da coordenação do GT, complementa:

“O banco alega que as práticas adotadas fazem parte da nova política de prevenção, mas deixamos claro que o programa de prevenção deveria tratar do ambiente de trabalho, não da avaliação das pessoas. Nenhuma pergunta feita nas avaliações trata das condições de trabalho ou de metas abusivas.”

O GT de Saúde reforçou que, além da revisão do programa “linha de cuidados”, o banco precisa focar nas condições de trabalho que estão por trás dos problemas de saúde enfrentados pelos bancários, garantindo um ambiente mais saudável e respeitoso para todos.