
Teletrabalho, fechamento de agências e reestruturação foram os temas em discussão na reunião entre a Comissão de Organização dos Empregados (COE) e a direção do Itaú, realizada nesta terça-feira (18/11), em São Paulo. No encontro, os representantes dos bancários denunciaram práticas abusivas, falta de transparência e seus impactos sobre a saúde e a estabilidade dos funcionários.
Logo no início da reunião, a COE entregou um ofício ao banco com os pontos que precisam ser melhorados e incorporados para garantir a proteção dos trabalhadores no teletrabalho. O documento reforça a necessidade de regras, respeito à privacidade, transparência e mecanismos formais de feedback que impeçam arbitrariedades — especialmente após as demissões motivadas por monitoramento excessivo em setembro.
“É fundamental que os parâmetros de gerenciamento das atividades sejam transparentes aos trabalhadores, que os limites de monitoramento estejam alinhados com os pilares dispostos na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), assegurando desta forma que a intimidade e a privacidade do trabalhador não sejam violadas”, ressaltou a representante da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feebbase) na COE, Luciana Dória.
Após a cobrança, o Itaú se comprometeu a construir, de forma conjunta com a COE, cláusulas específicas que assegurem proteção real aos bancários em regime remoto.
Fechamento de agências
O banco confirmou o fechamento de 241 agências, restando ainda nove unidades em processo de encerramento. Do total de trabalhadores atingidos, 79% foram realocados, 3% pediram demissão devido à pressão e 18% foram desligados, número alarmante diante da alta lucratividade do Itaú.
A COE relatou inúmeros casos de unidades receptoras superlotadas, com estrutura incapaz de absorver o aumento de clientes e demandas. Em muitas delas, o acúmulo de funções se tornou insustentável, provocando sobrecarga física e emocional. A falta de critérios no processo de fechamento e a ausência de diálogo com os sindicatos também foram criticadas. Para a COE, a população tem sido diretamente prejudicada — especialmente idosos, aposentados e moradores de regiões periféricas, que ficam desassistidos e com atendimento precarizado.
Durante o encontro, a diretora da Feebbase apresentou fotos das últimas visitas às agências 0697, 0129, 0935 e 1510, localizadas em Salvador, que demonstram claramente o impacto negativo dessa conduta para os funcionários, clientes e para a população em geral, especialmente a superlotação constatadas nas agências receptoras. “Reforçamos a urgência do banco fazer melhor essa transição, que ele tem chamado de “reestruturação do atendimento”, é preciso garantir a qualidade, tanto no atendimento, quanto no ambiente de trabalho em todos os segmentos, sobretudo na rede de agências cujo público tem sido bastante prejudicado”, reforçou Luciana Dória.
Outros temas
Outro ponto de preocupação discutido foi o processo de avaliação dos trabalhadores realocados. A COE apontou que a falta de transparência abre espaço para subjetividade, insegurança e punições arbitrárias. Com mudanças intensas de rotina, metas e atribuições, trabalhadores vêm sendo submetidos a um ambiente de medo e incerteza.
O Itaú reconheceu que a organização interna passa por constante transformação e confirmou que seguirá fechando agências. Mencionou ainda reformas estruturais e negociações com o INSS para lidar com superlotações — medidas consideradas reativas e insuficientes pela COE.
Sobre a reestruturação, o Itaú informou que até 2030 passará a operar dividido em seis segmentos: Agro, Person, Média Renda, Massificado, Aposentados e Servidores. A COE questionou o impacto concreto dessas mudanças no cotidiano dos bancários, bem como as qualificações e treinamentos necessários. Hoje, há desinformação e metas incompatíveis com o novo modelo, o que tem ampliado o adoecimento e a rotatividade.
Para o movimento sindical, a postura do Itaú está distante do discurso público de responsabilidade social. O fechamento acelerado de agências, a redução de quadros, a sobrecarga e o adoecimento crescente revelam uma política de redução de custos a qualquer preço, impulsionada pela disputa com bancos digitais.
Por fim, o Itaú apresentou também os resultados da compensação semestral do Banco de Horas. A COE cobrou a retomada das reuniões do GERA, espaço essencial para corrigir distorções e proteger os trabalhadores. O banco se comprometeu a marcar nova rodada de discussão.
